Tudo
TUDO by Emma
Email: emefsx@hotmail.com
Ela me disse não.
Não com todas as palavras, alias, sem palavra nenhuma.
Na verdade, ela nem disse.
Apenas me fez entender. Apenas seus atos me contaram.
Eu a queria, tanto. Como sempre. Como nunca.
Senti seu calor, sua amizade, naquele sofá, ela estava comigo.
Toquei seu rosto, pedindo com as mãos, assim como ela negou, não abrindo os olhos.
Assim como ela negou indo embora.
Deitei nos meus lençóis (solitários) e chorei, não com lagrimas. Mas com dor.
Tanta dor.
Tantos anos se passaram desde aquele dia longínquo, aquele dia em que ela me disse não pela primeira vez.
Também sem palavras.
Também tão dolorosamente.
.......
Era muito cedo ainda. Muito cedo na nossa estrada juntos. Ela havia voltado há tão pouco tempo, voltado para mim. E eu precisava tanto, tinha sentido em todos os poros a falta dela naquele mês.
Eu havia ido ao inferno, e com o retorno dela, voltado, finalmente, para o meu lugar na Terra.
Eu estava bem. Feliz, mesmo, como eu não ficava desde, talvez, sempre.
Eu a levei para passear, tomamos suco de abobora, Cerveja amanteigada, comemos pizza, falamos coisas estúpidas. Eu só queria abraçá-la, como se o mundo dependesse disso para continuar girando... Depois, quem sabe, arrancar suas roupas e beijá-la e sabê-la e tê-la, como nunca antes, ninguém...
Lancei a ela uns olhares sóbrios, cheios de dor e saudade e amor, tanto amor e querer... Tanta alma. Eu estava me dando, oferecendo meu corpo, meu desejo, mais que meu sexo, o meu futuro.
E ela não quis. Ela ignorou o obvio. Ela disse...preciso ir... e foi.
Chorei aquela noite. Estava doendo.
.......
Nesta noite, não chorei. Não de verdade, mas com o que importa.
Ela se dividiu comigo e eu coloquei tantas esperanças em seu gesto
simples...Ilusão.
Apenas outra.
Novamente eu quis tanto tê-la. Novamente acabei sozinho à noite.
Amanhã ela vai estar lá, como se nada houvesse se dado.
Como se ela não houvesse parado a beira de minha cama e me fitado,
longamente, depois de ter me dito não pela quarta vez.
Porque houve uma segunda vez...
....
Eu estava tão aberto, tão feliz... A lembrança dos lábios dela ainda aquecia os meus.
Tão inteligente e confiante.
Tão, tão Hermione.
E eu a havia beijado, finalmente.
Hermione, eu te amo.
Oh, Brother.
Não era bem o que eu queria ouvir
.......
Ainda consigo sentir a textura de seu rosto em minhas digitais, o cheiro de baunilha dos seus cabelos... ela estava tão próxima...
E foi embora, pela quarta vez.
Porque houve uma terceira...
......
Eu tomei coragem. Todo meu corpo doía, eu estava cansado. Estava contente de certa forma, mas queria consolo.
Em outras palavras, queria Hermione.
Todo mundo comemorando, só eu e ela ali, sozinhos.
Virei-me para vê-la e ela estava tão linda.
E nos olhamos e eu me aproximei, oferecendo...
...mas ela não se aproximou, aceitando.
Foi um beijo doído, de amigos, quando podia ter sido tão mais.
E foi meu terceiro não.
Mas não o ultimo. Não o ultimo.
........
Como eu sou idiota, parece que nunca aprendo, nunca...
Eu devia aceitar que ela só não me quer desse jeito, que ela tem medo... Eu só devia aceitar.
Mas dói tanto, como se tivessem me arrancado o espírito, sem anestesia.
Eu me pergunto se ainda sobrou algo para oferecer, numa quinta oportunidade...
vvvvvvvvvvvv
Quando acordei, era tarde para o trabalho e cedo para almoçar. Meu peito ainda doía, então continue na cama, em estado semicomatoso entre o sono e a realidade. Não sonhei. Alias, nem dormi propriamente. Só me entreguei a uma depressão inerte.
Se o telefone tocou, eu não ouvi.
Mas também não ouvi a porta quando ela se abriu, nem os passos dela quando se aproximava da cama.
"Rony, você está nessa cama desde ontem?"
Não respondi, mas virei olhos ressentidos para ela.
"Anda, Rony, levanta, vá tomar um banho, eu vou fazer algo pra gente
comer".
Meu olhar continuou fixo nela. Irritantemente imóvel.
"Você me deixou preocupada"
Ela disse enfim, desistindo de me fazer levantar e sentando-se na cama ao meu lado.
Ficamos em silencio um tempo curto, então eu lhe disse, em voz baixa e rouca, áspera por não ter sido usada o dia inteiro.
"Você não me ama"
Era uma acusação e era infantil. Eu quis me levantar, mas meus músculos protestaram por estarem deitados há mais de 24 horas. Então continue deitado, meus olhos feridos repetindo a frase... você não me ama, não ama, não ama... como um eco bobo e sem senso de humor.
"Claro que amo, Rony, não seja criança"
"É você que sempre vai embora"
"Isso não quer dizer que eu não te ame... só que eu te amo muito".
"Não acho que seja um bom jeito de demonstrar"
E enfiei novamente a cara no travesseiro. Eu estava magoado e infantil, mas alguma coisa na minha alma ficou feliz que ela me amasse, lá do jeito dela, mas amor de qualquer forma. E eu perdoei todos os nãos que ela ainda pudesse me dizer.
Continuei firme em minha postura de adolescente machucado, porém.
"Só porque eu não quero fazer sexo com você não quer dizer que eu não te ame, Rony."
Ela estava jogando sujo.
"Você não faz bem pro ego, Hermione”.
"Mas também não quer dizer que eu não queira, Rony".
"Olha, Hermione, minha cabeça está doendo e eu não quero mais falar disso, vai embora, okay, amanha a gente se vê".
"Rony...".
"Rony nada, você tem toda razão de não me dar o que eu peço, só me deixa sozinho pra lamber as feridas, ta? Amanha a gente se vê".
E enfiei de novo meu rosto entre a coberta, achando que aquele era um bom momento para o inicio de uma guerra entre começais e aurores.
Ela saiu devagar e aquela foi uma das poucas vezes que eu tipo disse não a ela.
Não fiquei muito orgulhoso de mim.
VVVVVVVV
Com alguns dias tudo havia voltado ao normal. Sempre achei irritante essa nossa habilidade de voltar ao normal, não importa o quê.
Eu havia me prometido, chega de piadinhas de teor sexual... Uma semana
depois:
- Rony, cadê o relatório?
- Ahn, sabe, Hermione, estava chovendo e...
- Não acredito que você não fez o relatório, Rony...
- Bom
- Rony, desta vez você vai lá se entender com Harry...
- Poxa, Hermione, pensei que você me amasse...
Eu havia prometido... Não peça mais nada para ela que possa doer se ela disser não...
Duas semanas depois:
- Hei, Hermione, vai passar uma maratona de filmes clássicos hoje, não ta a fim de ver...
- Sinto muito, Rony, hoje não posso.
- Mas são os clássicos, Hermione, eu até pago a pizza sozinho.
- Hoje não, Rony.
Eu havia prometido... Para de ficar olhando pra ela feito um idiota apaixonado.
....No outro dia: